sábado, 14 de abril de 2012

O desligar feliz


O telefone tocou e atendi sem pensar. Era ele:
-Crescemos um bom bocado, não crescemos, miúda?
- Imenso!
- Gostaste?
- Gostar é pouco.
- Ainda gostas de mim?
- Nunca deixei de gostar. E tu?
- Tens sido só tu. Sempre.
- Mesmo com outras. É isso que queres dizer?
- Precisamente.
- Não te faço perguntas, então.
- Nem eu a ti.
- Amo-te. Queres assim? 
- Basta-me isso.
- E não tenho que dizer nada?
- Não, começa hoje.
Detive-me para respirar fundo, com o coração repleto.
- Como vamos celebrar?
- Escolhe tu - disse eu.
- Como todos os dias, aqui (...) com o mesmo prato e o mesmo vinho.
- Pode ser - respondi a rir-me.
E desliguei feliz.


Rita Ferro @ Não me contes o fim (adp.)

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